Temporadas de superação e se redescobrindo como jogador. O meio-campo Everton Morelli teve, em 2021, um choque de cabeça que mudou o rumo da sua vida - precisando a reaprender a fazer tarefas básicas, como andar sem supervisão. Agora, em 2025, é um dos artilheiros do Criciúma com três gols anotados.
- O futebol que quase fez eu perder a vida, tirar minha alegria e hoje o futebol está trazendo essa alegria novamente - Everton Morelli.
Ele defendia o Cianorte, que disputava a Série D do Brasileiro, quando em um confronto contra o Boa Vista foi finalizar e acabou chocando de cabeça com o defensor.
- Eu fiquei bravo porque eu não queria sair, mas fui para o hospital e tudo. Era um momento de pandemia e eu doido para sair do hospital, porque a gente ia jogar e ia para o hotel e embora. Tomei uma dipirona na veia e falei que estava bem, me liberaram. Até então estava bem, com uma leve dor de cabeça. Cheguei, entrei no ônibus e começou a me dar uma dor muito forte na cabeça. E não era uma simples dor, era insuportável. Eu me lembro dos momentos de gemido, de gritar no ônibus e pedir socorro. Eu cabeceei no lado esquerdo e a dor estava insuportável no lado direito. Eu me lembro do último suspiro no ônibus e ali eu apaguei e não me lembro de mais nada -
O meia foi levado novamente para um hospital, dessa vez, referência no atendimento. Ali, descobriu que precisava drenar um coágulo no cérebro. Foram alguns dias de recuperação, até perceber que não estava conseguindo fazer movimentos básicos, como levantar o braço.
- Eu comecei a ter sequelas do acidente. Eu falei "minha carreira, o que vai acontecer. "Lembro de um momento muito forte no meu retorno no neurocirurgião, em Ribeirão Preto, que eu fui levar um relatório de tudo que aconteceu, eu lembro dele olhando relatório e olhou pra mim e falou 'agradece a Deus pela sua segunda vida, porque se demorasse mais 20 minutos não era nem pra você estar aqui hoje' - conta.
Foram seis meses de recuperação, fisioterapia e fortalecimento, até voltar aos gramados. No retorno, precisou usar capacete de proteção. Nas últimas temporadas, teve passagens pelo Goiás, Maringá, Coritiba e, desde o início de 2025, veste a camisa do Criciúma. São 12 jogos e três gols anotados, até o momento.
- Primeira a meta coletiva, que é fazer o Criciúma chegar no mais alto. Poder ser campeão catarinense, chegar o mais longe na Copa do Brasil, poder levar o time novamente para Série A. E sabendo que se eu for um grande cooperador de isso tudo, o individual vai aparecer né - finaliza.
O Criciúma volta a entrar em campo no domingo, pelas quartas de final do Campeonato Catarinense, contra o Joinville. A bola rola às 19h (de Brasília) no Estádio Heriberto Hülse.